terça-feira, maio 23, 2006

Nos trilhos da Serra da Neve...


No passado domingo fui, através da Bivaque, dar uns 'pontapés' numas pedras' lá para os lados da Serra de Montejunto. E valeu a pena! Desafiei o meu amigo Caixado e lá fomos, por trilhos de pé posto, fendas de rocha calcária e ruínas de ermidas e fábricas de gelo. Um grupo simpático, uma paisagem maravilhosa, um dia bem passado. Nem a chuva copiosa que se instalou no final da tarde, alterou o espírito do pessoal. Assim se fez caminho...
O percurso segue alguns dos trilhos marcados na Serra de Montejunto, e leva-nos a conhecer alguns locais bastante interessantes, como a Real Fábrica do Gelo, datada do séc. XVIII, o Convento Dominicano (talvez o primeiro em Portugal) e a Capela de Nsa. Sra. das Neves (séc. XII), que todos os anos, em Agosto, ainda leva os devotos a subirem a serra em peregrinação.


Mas o ex-libris deste passeio foi, sem dúvida, a Real Fábrica do Gelo! Esta importante estrutura do património cultural do concelho do Cadaval situa-se na Serra de Montejunto e está classificada como Monumento Nacional. O complexo fabril compõe-se de duas áreas distintas, sendo uma para a produção do gelo e a outra para a sua preparação, armazenamento e conservação. A área destinada à produção é constituída por dois poços para captação da água, uma casa para as noras, um tanque principal para recepção da água e 44 tanques rasos onde era realizada a congelação da água. A área para a preparação, armazenamento e conservação do gelo é constituída por um edifício apresentando fachada de decoração sóbria típica do séc. XVIII, dois silos para armazenamento e conservação do gelo e um terceiro silo. Sobre a porta do edifício dos silos existia uma placa em pedra gravada que registava a compra e a reedificação da fábrica pelo neveiro da casa real Julião Pereira de Castro. Na parte superior da fachada num pequeno nicho existiu uma imagem da Nossa Senhora das Neves. O gelo era transportado até Lisboa, primeiro por animais, depois carroças e, por fim, em barcos pelo rio Tejo.
A Real Fábrica de Gelo de Montejunto apenas terá sido construída por volta de 1741. Foi depois comprada e reedificada em 1782 por Julião Pereira de Castro. Terminou a sua actividade já no século XIX. Depois de ter estado arruinada durante muitos anos a Real Fábrica do Gelo foi agora recuperada pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e, pelo seu interesse e importância, aconselha-se uma visita.
A lápide com inscrição que se encontrava na fachada do edifício de armazenamento do gelo tem escrito o seguinte: "Esta fabrica com suas pertenças comprou e reedificou Julião Pereira de Castro [capitão de Malta reposteiro e neveiro da Casa Real] no último de Janeiro de 1782."


E o meu Trek Torch esteve presente e a funcionar!!